Marvão é uma pequena vila quase na fronteira entre Portugal e Espanha, entre Castelo de Vide e Valência de Alcántara. Não fica na região Oeste, mas achamos que merecia um post neste blog por três motivos: primeiro, porque pela sua história, encanto e localização, é um ponto de paragem comum nas viagens de carro desde Europa e a península ibérica à costa portuguesa; segundo, porque tem vários restaurantes e atividades muito interessantes para uma escapadela de fim de semana; e terceiro, por uma experiência nova, divertida e diferente que pode ser feita na região, e que permite sentir-se por umas horas como Buster Keaton em The General: https://www.youtube.com/watch?v=PPjwmp5qqm8
Começando pelo final, se gostamos de pedalar no meio da natureza, não podemos deixar de experimentar o Rail Bike Marvão, que oferece percursos em veículos de dois lugares a pedal que percorrem as antigas vias do comboio. O passeio permite desfrutar de uma forma diferente esta zona de grande beleza natural, nos arredores do parque Tejo Internacional, reserva da Biosfera.
Outra actividade muito interessante é a visita ao Museu da Adega Melara Picada Nunes, onde oferecem visitas guiadas de 75 minutos que incluem uma explicação prática sobre a história e produção do azeite, uma pequena prova e dão-nos uma amostra do seu ouro líquido. .
Entre os restaurantes, na zona do rio Sever existem vários interessantes como o JJ Videira, o Sever ou o Milhomens. E não devemos sair de Marvão sem subir ao castelo e desfrutar das suas incríveis vistas de 360º sobre o Alentejo e a Extremadura, essas duas regiões hoje tão unidas que até participam juntas em projetos europeus com a sigla ALEX, quebrando aquela velha frase de José Saramago que Espanha e Portugal são dois irmãos siameses que nasceram unidos pelas costas e nunca se viram. Hoje em dia já não é assim, há cada vez mais conhecimento e valorização entre os dois povos e Marvão é um excelente ponto de encontro para o confirmar.
Hoje partilhamos algumas dicas para desfrutar com família e amigos a magia das melhores festividades de Natal na região Oeste de Portugal. Com suas tradições encantadoras, cenários pitorescos e uma atmosfera acolhedora, nossa região oferece uma experiência única para celebrar o espírito de Natal. Aqui estão algumas das melhores atividades para desfrutar das festas na Região Oeste:
1. Mercados de Natal Pitorescos:
Em cidades como Óbidos e Caldas da Rainha, os mercados de Natal se transformam em verdadeiros contos de fadas. Ruelas estreitas e praças históricas são decoradas com luzes cintilantes, enquanto barracas oferecem artesanato local, iguarias deliciosas e presentes únicos. Os presépios da aldeia Marinhas de Sal, em Rio Maior, são feitos a partir do sal que é ali extraído; parecem mesmo de neve! Uma oportunidade perfeita para encontrar lembranças especiais e sentir o calor da temporada.
2. Concertos e Espetáculos:
A região Oeste ganha vida com a música festiva durante o Natal. Desde corais encantadores em igrejas históricas até concertos ao ar livre em praças, há uma variedade de apresentações para todos os gostos. Não perca a chance de experimentar a emoção de um concerto de Natal sob as estrelas. https://www.visitportugal.com/pt-pt/destinos/centro-de-portugal
3. Iluminação de Natal Deslumbrante:
As cidades e vilas da região Oeste se transformam em verdadeiros paraísos de luz durante a temporada de Natal. Os edifícios históricos, ruas e praças são adornados com decorações deslumbrantes, criando uma atmosfera mágica que certamente encantará visitantes de todas as idades. A Vila Natal de Óbidos é sempre um must https://obidosvilanatal.pt/
4. Tradições Culturais Locais:
Descubra as tradições únicas de nossa região durante o Natal, como as celebrações religiosas, como a Missa do Galo, e práticas culturais autênticas. Aproveite para provar iguarias locais tradicionais, como o Bolo Rei e o Bolo Rainha, que são umas delícias características da época, primos irmãos do Roscón de Reyes que fazem em Espanha.
5. Patinar no gelo ao ar Livre:
Em algumas cidades, como Torres Vedras e Óbidos, a diversão na pista de gelo e nas rampas de gelo são umas experiências imperdíveis para todas as idades. Deslize na pista enquanto aprecia as luzes cintilantes ao seu redor, criando memórias inesquecíveis para a temporada. Ao celebrar o Natal na região Oeste de Portugal, mergulhamos em uma experiência encantadora que combina tradição, beleza natural e calor humano. É uma celebração mágica e inesquecível nesta parte do país. Boas festas! 🎄
Um fã de tênis dificilmente pode jogar na pista central de Wimbledon ou Roland Garros. Um fã de golfe provavelmente não será capaz de ter a oportunidade de jogar em Augusta ou St. Andrews. E os fãs de futebol certamente estariam dispostos a pagar valores absurdos para jogar um dia no Santiago Bernabeu ou em Wembley.
Exatamente o oposto do surf, que tem a particularidade de que qualquer um pode comprar ou alugar uma prancha e viver na primeira pessoa as mesmas ondas de Ericeira, Supertubos ou Nazaré, onde acontecem três dos mais importantes eventos do mundo do surf.
Nos mais de 100 km de costa da região Oeste existe um vasto leque de possibilidades de surf, para todos os níveis. E qualquer dia é bom para procurar boas ondas. Mas o final do verão traz o atrativo adicional de ter três eventos de classe mundial para os surfistas: a World Surf League, em Outubro em Ericeira e em março em Peniche, e a temporada de ondas gigantes na Nazaré, que vai justamente de outubro a março.
As ondas de Supertubos são consideradas a versão europeia do famoso Pipeline de Hawai, com a vantagem de que o fundo aqui é arenoso e sem os perigosos recifes da praia havaiana. Em troca, o wetsuit aqui deverá sempre ser muito mais grosso. Em Ericeira a temperatura da água é também fresca mas a cidade tem esse encanto cool que tanto atrai aos que chegam ao mundo do surf.
Para recuperar as forças, uma opção muito popular em Peniche é o Xakra, mesmo na praia, a poucos metros de Supertubos, cujas mesas também são um objetivo muito cobiçado ao longo do ano. E em Ericeira não pode faltar uma visita ao Furnas, que mantém seu nível excelente ano após ano.
A oferta de alojamento é muito ampla. Dos vans pão-de-forma típicos dos mais jovens, aos parques de campismo perto da praia, dos hostels e apartamentos aos novos bio-eco-resorts, e há até alguns hotéis convencionais. Pela sua boa relação qualidade/preço, destacamos dois: o Katekero, que ao ficar no centro de Peniche facilita o acesso a restaurantes, lojas e todas as atividades da cidade; e o recém-renovado MH Atlántico, pelo contrário, já que está na praia, para chegar facilmente a pé às praias de Consolção e Supertubos e aproveitar as ondas do primeiro até ao último minuto.
Em Nazaré, a possibilidade de ver algumas das famosas ondas gigantes da Praia Norte vai desde Outubro até Março, mas pode haver sempre algumas tempestades fora dessas datas para aproximar-se do farol e contemplar esses monstros de 30 metros de altura, obviamente apenas adequados para surfistas experientes. Adicionalmente, a finais de outubro reúnem-se em Nazaré todos os grandes nomes das grandes ondas para a cerimónia dos prémios anuais Big Wave Challenge Award.
Neste link, vem um vídeo muito interessante da World Surf League explicando como essas ondas se formam, sob a influência de um desfiladeiro submarino de vários quilômetros de extensão que fica ao sul do cabo.
Para ficar na Nazaré, uma opção simples, no centro, é o Hotel Magic. E para comer, nossas opções favoritas são Rosa dos Ventos e A tasquinha, embora o excelente nível torne a experiência quase sempre ótima na maioria dos restaurantes. De facto, um dos maiores fãs deste blog lembra sempre que na Nazaré comeu o melhor robalo selvagem que já comeu.
Seja como surfista ou espectador, com alojamento em minivan ou em hotéis, as ondas e as boas vibrações coletivas estão garantidas e a experiência vale muito a pena.
Durante o ano de 2022, 438.000 pessoas completaram pelo menos 100 quilômetros a pé ou 200 de bicicleta na rota do Caminho de Santiago. Para entender a tendência crescente da cifra, basta ver que em 1990 foram 5.000 pessoas e no ano 2000 já 55.000 pessoas. Em 2018 foram 327.000 pessoas e, mesmo se durante os anos 2020 e 2021, as cifras caíram um pouco por causa da pandemia do COVID19, em 2022 voltaram em grande e 438.000 pessoas chegaram até Santiago, a maior cifra de sempre.
Mas, o que leva tantas pessoas a seguir esse caminho? Nas suas origens medievais, era feito principalmente por razões espirituais, buscando a intercessão do apóstolo Santiago ou a indulgência derivada da peregrinação. E hoje muitos peregrinos ainda têm um motivo religioso na mochila. Mas para a grande maioria, o Caminho é uma viagem dentro de si próprio, um tempo de reflexão, esforço partilhado e companheirismo. O Caminho permite um contato muito intenso com a natureza através da paisagem, mas também com a natureza humana através de esforço, amabilidade, hospitalidade, superação de desafios e troca de experiências com outros caminhantes.
Sua revitalização progressiva durante a segunda metade do século XX é associada ao desejo latente de muitas pessoas de recuperar as raízes europeias, de ir devagar em vez de correr, de fazer as coisas com tempo e esforço, em vez de instantaneamente.
Se pode tentar explicar de muitas maneiras, mas provavelmente haverá 438.000 motivos diferentes e todos eles serão bons para ir a essa escola excepcional da humanidade por alguns dias.
Uma das grandes maravilhas do Caminho é que passa por quase qualquer lugar da Europa; existem mais de 80.000 quilômetros de caminhos marcados. E mesmo se uma parte importante das pessoas segue o chamado Caminho Francês (que atravessa os Pirineus e vai pelo norte de Espanha através de Pamplona, Burgos e León até Santiago), outras rotas alternativas se estão a tornar também muito populares pois estão menos concorridas, e de certa forma, também um pouco mais perto da simplicidade e paz interior que se busca nesta aventura.
O Caminho Português, desde Lisboa até Santiago, é especialmente recomendado para quem quer desfrutar dessa experiência mais pessoal, com mais natureza e um pouco menos populosa. O percurso passa por Santarém, Coimbra e Porto como as cidades mais importantes e pode ser visto muito bem detalhado no site da Gronze (https://www.gronze.com/camino-portugues).
Mas queremos destacar uma secção central, que fica muito perto da região Oeste e é especialmente recomendada para quem quer viver a parte do Caminho mais próxima da natureza. É o trecho entre Tomar e Coimbra. Tomar, o ponto de origem, é uma pequena cidade comandada pelo Convento de Cristo, um imponente castelo templário, Patrimônio Mundial da UNESCO, e um dos mais belos exemplos da arquitetura gótica manuelina. Coimbra é agitação, charme e ruelas para se perder. E, no meio, 90 quilômetros de Caminho através de florestas espectaculares, ao longo de sendas entre árvores frutais e pequenas aldeias nas quais há sempre alguém disposto a oferecer algumas palavras de conselho ou qualquer ajuda ao peregrino. A sinalização é especialmente boa, principalmente porque a rota é tanto Caminho de Santiago para o norte quanto Caminho de Fátima para o sul; portanto, as sinalizações têm a seta amarela característica em direção a Santiago de um lado e a seta azul para Fátima no outro. Isso também causa encontros interessantes entre os caminhantes em uma direção e outra, opostos na direção, mas unidos por uma busca semelhante.
E para quem quer fazer apenas um pequeno aperitivo, em modo familiar e com as crianças, pode considerar visitar o Convento de Cristo em Tomar, comer nos restaurantes da zona pedonal da cidade, como por exemplo no Tabuleiro, e fazer os primeiros quatro quilômetros, que correm paralelos ao rio Nabão e são especialmente bonitos. Certamente depois desse aperitivo mais de um vai querer considerar no futuro provar outros pratos do Caminho. Bom Caminho!
Óbidos recebe muitos visitantes durante todo o ano, mas na Páscoa o habitual ambiente festivo para durante algumas horas para acolher solenemente a sua principal procissão, o Enterro do Senhor, que se celebra na noite de Sexta-Feira Santa e é seguida com devoção por um grande número de pessoas vestidas com trajes da época. http://www.semanasantaobidos.pt/
2. Folar de Páscoa
No centro do país, uma das tradições mais típicas na Páscoa é comer o Folar de Páscoa, um pão doce feito com farinha, ovos, açúcar e canela. O Folar pode ser decorado com ovos cozidos e por vezes é também comido com queijo, fiambre e um copo de vinho. Se ainda não o conhece, pode experimentar o folar que preparam no Atelier do Doce, entre Caldas da Rainha e Alcobaça, que tem recebido inúmeros prémios. https://atelierdodoce.pt/produto/folar-de-bronze/
3. As ondas de Peniche
Embora haja cada vez mais pessoas corajosas que também se atrevem a surfar as ondas durante o inverno, a Páscoa marca tradicionalmente o início da época de surf nas praias de Peniche. As temperaturas, tanto fora como dentro de água, começam a ficar mais agradáveis e milhares de surfistas vêm iniciar ou retomar a paixão pelas ondas.
4. Flamingos na Lagoa
O final do inverno também costuma marcar a altura em que as zonas húmidas estão no seu auge e é fácil ver algumas das famílias de flamingos que nidificam na lagoa de Óbidos durante a época invernal.
5. Sardoal
Terminamos com uma sugestão que não se encontra geograficamente na região Oeste mas que está muito perto e é perfeita para uma pequena excursão de um dia. Sardoal é uma vila junto à A23, perto de Abrantes, com profundas tradições religiosas. Durante a procissão dos Fogaréus, a iluminação pública é desligada e só há luz de archotes, velas e centenas de lamparinas que são colocadas nas janelas e varandas das casas. As ermidas e igrejas são decoradas com tapetes de flores e na Igreja Matriz coloca-se trigo germinado no escuro, o que lhe confere um tom amarelo particular. http://www.cm-sardoal.pt/images/CMS/SemanaSanta2023/cartaz_semana_santa_2023_final.jpg
Em todas as culturas é muito apreciada a mistura de simplicidade e profundidade que oferecem os provérbios chineses desde os tempos antigos. Gostamos especialmente daquele de Lao Zi que diz que uma jornada de mil milhas começa com o primeiro passo.
Durante décadas, a China tem sido um país disciplinado e poderoso, mas muito focado em si mesmo. Mas no século XXI, por várias razões internas e externas, decolou como uma grande potência mundial, passando de uma economia baseada em manufaturas de baixo custo para uma mais completa, na qual as novas tecnologias têm grande importância. Isso gerou empresas muito poderosas, com grande força de exportação, que começaram a ganhar uma presença global que é mais do que notável. E também deu origem a uma crescente classe média, com capacidade para viajar e desfrutar de luxos antes impossíveis.
Para compreender a importância económica que podem ter estes novos viajantes, segundo os dados oficiais do Ministério do Turismo de Portugal, em 2017 um turista espanhol gastava em média 89 euros por dia em Portugal, enquanto um chinês gastava 642 euros. Ou seja, um turista chinês gastava em um dia o que um espanhol em uma semana. Os anos da pandemia significaram uma paralisação total dessas viagens, mas em 2023 as portas voltam a estar abertas e as viagens voltaram a um ritmo excepcionalmente alto: nos dez dias em torno do Ano Novo Chinês houve quase 2.000 milhões de movimentos de cidadãos chineses.
Portanto, não surpreende que exista cada vez um maior interesse na Europa em atrair novamente esse tipo de turistas, oferecer-lhes aquilo que lhes faça voltar o que possam recomendar a viagem a seus milhões de compatriotas. E o que atrai mais este tipo de viajante?
Bem, em primeiro lugar, e por mais surpreendente que pareça, o tempo. Um dia de céu azul e temperaturas amenas, com uma leve brisa, é um dos elementos que mais atraem um viajante asiático, que muitas vezes sofre nas suas mega-urbes costeiras dias quentes e húmidos, com um calor pegajoso e desconfortável. É por isso que é mais fácil a experiência destes turistas ser mais positiva nos verões frescos da costa atlântica espanhola e portuguesa do que nos do Mediterrâneo. E por essa razão, talvez, a estratégia das áreas do Mediterrâneo deve se concentrar em tentar atrair esse tipo de visitante nos invernos, em que seu clima é ameno e também a ocupação é menor.
Em segundo lugar, eles apreciam muito positivamente as paisagens abertas, as florestas, os grandes parques, as pequenas praias pouco ocupadas, as rotas nas montanhas. Em geral, a densidade populacional nas grandes cidades asiáticas é muito maior do que na Europa e é por isso que é mais fácil para um turista ser mais grato visitar um parque natural na Europa do que uma cidade muito monumental, mas muito cheia.
Terceiro, eles gostam muito da cultura mediterrânea. Nossa comida, nossos vinhos, nosso estilo de vida. É por isso que eles apreciam muito positivamente as experiências que lhes permitem desfrutar desses elementos na primeira pessoa. Poder ir a pequenos restaurantes onde serve-se comida simples e de qualidade, frutas e legumes frescos, frutos do mar e peixe grelhado. Eles apreciam a gastronomia como cultura, como forma de entender e conhecer melhor a área que visitam. É por isso que não é estranho vê-los também nos melhores restaurantes, porque eles procuram especialmente essa experiência de qualidade.
Nesta linha, experiências imersivas são cada vez mais bem-sucedidas, como visitas a adegas onde podem ver todo o processo de elaboração e terminar com uma degustação de vinhos. Ou participar de festas populares e viver a atmosfera e as tradições com as pessoas locais, imbuindo-se da festa.
Em 2017, o número de turistas chineses que visitaram Portugal aumentou 80% em relação a 2016. E em 2018 foi também o país que mais elevou o número de visitantes a Portugal. O que não surpreende se levarmos em conta o clima ameno, as belas paisagens e a grande gastronomia de Portugal. Mas, além disso, comparado ao turismo europeu que é muito sazonal, o asiático tende a ser mais distribuído durante o ano, pois não busca tanto o sol e a praia e desfruta de lugares tranquilos, sem grandes multidões e temperaturas amenas. Portugal tem grandes forças para que este seja o começo de uma grande amizade, os primeiros passos que dizia Lao Zi para essa viagem de mil milhas, que podem começar nos próximos anos muitos milhões de pessoas. Estaremos prontos para recebê-los?
Existem estudos que calculam que as crianças sorriem em média 400 vezes por dia, enquanto os adultos apenas sorriem entre 30 e 40 vezes por dia. Há também vários estudos que analisaram que as crianças são muito mais criativas do que os adultos, porque veem a vida como um jogo e são capazes de imaginar situações engraçadas em qualquer cenário.
Felizmente, há momentos na vida dos adultos quando eles têm a oportunidade de recuperar um pouco dessa alegria, partilhando jogos com seus filhos, sobrinhos ou netos. Para isso, basta deixar-se ir, procurar um pouco de imaginação e deixar-se levar pelos miúdos.
Por várias razões, a região Oeste de Portugal é um cenário ideal para crianças. Em primeiro lugar, porque tem um clima que favorece muito as atividades ao ar livre; as temperaturas são amenas durante todo o ano, nunca muito frio ou muito quente. Segundo, porque possui mais de 100 km de litoral, com dezenas de praias, que são, como é sabido, o cenário preferido para as crianças brincarem. E, em terceiro lugar, porque ainda é um destino pouco saturado, que não tem as terríveis filas que caracterizam os destinos mais típicos das crianças.
Então hoje nossa recomendação é colocar umas imaginárias botas de cowboy e um chapéu, apanhar nossos cavalos e lançar-nos de cabeça na grande aventura da conquista do Oeste.
O percurso pode começar em Óbidos, que com o seu castelo e as suas muralhas, pode ser a melhor inspiração para qualquer aventura. Se somos dos que precisamos de uma certa atmosfera para nos aquecermos, o momento ideal seria no verão, enquanto acontece a feira medieval, com seus famosos combates entre cavaleiros. Durante esses dias, alugam-se trajes e qualquer um pode sentir-se por umas horas o senhor do castelo.
Outro momento muito apropriado para ir a Óbidos com crianças seria no mês de dezembro, durante Vila Natal, quando toda a cidade se torna um grande parque de jogos e atividades relacionadas ao Natal. Na página da Cámara Municipal podem ser consultadas datas e horários destes dois eventos: www.cm-obidos.pt
As praias da região são conhecidas mundialmente graças ao surf. A Praia Norte de Nazaré, com as suas ondas gigantes, e Supertubos em Peniche, com os eventos da World League, são os mais famosos, mas quase todas têm uma escola e instrutores para iniciar-se neste espetacular desporto. Algumas pessoas acham que o surfe não é adequado para miúdos, mas na realidade, assim que sabem nadar bem, podem começar a subir na prancha e nessas idades é quando a sua abordagem é mais simples e natural e dominam imediatamente os movimentos. Para os mais pequenos, o ideal é começar por praias com ondas pequenas, como a de Gamboa, em Peniche, onde a veterana Escola Surf Peniche oferece os seus cursos.
Para quem não ousa experimentar, outro divertido e diferente plano de praia é o Parque Acuático de São Martinho do Porto, um conjunto de escorregas e saltos instalado durante o verão a poucos metros da praia.
E para crianças e não tão crianças, uma opção com a qual sempre se passa bem com os amigos é uma corrida de karts. Na região existem várias pistas de karts, todas de bom nível, como o Kiro Kartódromo do Oeste no Bombarral, o Dino Kart na Lourinhã e o Euroindy perto da Batalha. Existe ainda uma opção para dias chuvosos, o Karting Indoor Caldas da Rainha, que é um pouco mais pequeno mas também muito divertido. É aconselhável consultar as idades mínimas, embora quase todas tenham opções para poder acolher também as menores.
Podemos continuar a nossa aventura no período jurássico, procurando fósseis e descobrindo todos os segredos dos dinossauros no Dino Parque de Lourinhã.
E, finalmente, para aqueles que queiram aproveitar as botas e o chapéu que colocaram no começo desta entrada e têm preguiça de trazer seu próprio cavalo, há também vários centros equestres de primeira classe, onde eles podem dar rédeas soltas ao cowboy que levam dentro. Destacamos o Centro Equestre Internacional Alfeizerão, com instalações muito completas e todo o tipo de serviços, e as Quintas de Óbidos, que também contam com instalações magníficas e que vai aos poucos avançando após uns começos muito complicados devido à crise.
Com todos esses elementos e um pouco da nossa imaginação, temos mais do que assegurado o sorriso de miúdos e graúdos.
No segundo domingo de Novembro celebra-se anualmente o Dia Mundial do Enoturismo, uma iniciativa da Rede Europeia de Cidades do Vinho para divulgar as suas actividades e experiências.
Como já realçamos várias vezes neste blog, na região Oeste de Portugal existe um grande número de adegas interessantes que vale bem a pena visitar, conjugadas com a excelente gastronomia e riqueza cultural da região.
Na zona de Torres Vedras, é especialmente recomendável a Adega Mae, que tem vários vinhos premiados internacionalmente. E, a menos de um quilómetro dali, é também interessante visitar a Quinta da Almiara, com o seu design exterior moderno.
Na zona de Óbidos e Bombarral, recomendamos a Quinta do Sanguinhal, com os seus vinhos de excelente relação qualidade/preço, e a Quinta do Gradil, uma das adegas mais antigas da zona.
E na zona de Alenquer, não perca a magnífica Quinta do Monte D’Oiro, ou a Quinta de Pancas, fundada em 1495 e pioneira na introdução das castas francesas em Portugal.
Isso no que se refere aos vinhos. Os amantes da aguardente também têm encontro marcado em Novembro com a Quinzena Gastronómica de Aguardente DOC Lourinhã, que este ano chega à sua undécima edição e já é uma referência mundial. E na zona de Óbidos, destacam-se também as originais experiências de licoturismo propostas pela Vila das Rainhas em torno do seu famoso licor de ginja.
A maioria dessas visitas são indoor e, portanto, perfeitas para desfrutar durante os meses de outono e inverno. Vamos então nestes dias aproveitar ao máximo as variadas experiências de enoturismo oferecidas pela região Oeste.
O ser humano é curioso e aventureiro por natureza. E quem visita o Cabo Carvoeiro, na ponta mais ocidental da península de Peniche, pode ter curiosidade sobre umas ilhas que são vistas não longe da costa, a cerca de 10 km de distância. É o arquipélago das Berlengas, um grupo de pequenas ilhotas, com três histórias peculiares que se entrelaçam surpreendentemente com o presente.
Na História das ilhas há uma primeira data muito importante: 1465. Foi nesse ano que o Rei Dom Afonso V emitiu uma ordem proibindo a caça nas Berlengas, aquela que foi uma decisão pioneira e muito nova de cuidado e atenção para a natureza. Qualquer um que tenha visitado ou visto fotos das ilhas, e as águas turquesas e cristalinas, compreende bem o que Rei Afonso podia ver e sentir para ditar uma ordem tão incomum na época. A linha até o presente e o futuro leva-nos a mais de cinco séculos depois, quando em 2011 a UNESCO declarou as Berlengas como uma reserva da biosfera e confirmou o que a sensibilidade do rei valorizou muito antes.
No século seguinte ao de D. Afonso, em 1513, com a ajuda da rainha Dona Leonor, um pequeno mosteiro de monges Jerónimos foi fundado nas ilhas, na procura de um local para o seu retiro espiritual e para ajudar as vítimas dos numerosos naufrágios que gerava essa costa. Salvando as distâncias, é o que hoje em dia também procuram os muitos retiros que em diferentes pontos da costa de Peniche oferecem interessantes combinações de mindfulness, yoga, meditação e surf. Esperemos que a história moderna seja mais propícia a essas iniciativas, porque o mosteiro e os pobres monges Jerónimos terminaram com o encerramento poucos anos após a sua fundação, porque o mosteiro era frequentemente atacado por piratas e os seus membros tomados como escravos. Certamente eles estavam à frente de seu tempo e não conseguiram que todos vissem a paz, a beleza e a espiritualidade que inspira esta costa atlântica.
A terceira história conecta o passado e o presente através do mar, do futebol e da tecnologia. Em 2018, a empresa Apple filmou um pequeno filme sobre uma suposta rivalidade histórica entre as equipas de futebol do Baleal e Peniche, que preferiam resolver os seus jogos num campo neutral e optaram por se deslocar para jogar nas Berlengas. Podem ver o vídeo neste link. A história é, obviamente, ficção e destina-se a mostrar a excelência técnica do modelo de telefone com o qual o anúncio foi gravado. Mas, de certa forma, permite-nos entender a dificuldade daqueles que vivem do mar e valorizar melhor todos aqueles que se aventuraram desde tempos imemoriais a navegar pelas águas e descobrir os mistérios que escondiam. É uma história costumbrista que liga o passado e o presente através do mar e destas ilhas especiais. Se ao ver o vídeo decidir visitar as ilhas, é importante não esquecer que desde Junho de 2022 está a funcionar uma taxa turística de 3 euros, Berlengas Pass, destinada a melhorar as infra-estruturas e assegurar que o número de visitantes diários não supere as 550 pessoas.
Alenquer é uma pequena jóia da região Oeste que oferece várias atividades muito interessantes para uma excursão de um dia.
Na vida económica e cultural do concelho de Alenquer, o vinho assume especial importância. A nossa proposta seria passar meio dia conhecendo a cidade e meio dia visitando uma das adegas da região.
Começamos com um passeio pela parte alta da cidade, passando pelas pintorescas ruas da judiaria e pelas ruínas do castelo do século XIII. Nessa zona encontra-se o interessante museu dedicado a Damião de Gois e às vítimas da Inquisição, localizado nas ruínas da igreja em que Damião foi baptizado e sepultado. Figura fundamental na modernização da cultura medieval portuguesa, o museu inclui vários documentos e instalações interativas para conhecer a sua vida, obra e apreciar a sua importância como humanista, artista e conselheiro real. Se não tiver muita gente no dia da visita, vale a pena falar um bocadinho com o curador do museu, um historiador que fez a sua tese de doutorado sobre o próprio Damião, e oferece detalhes únicos sobre a sua vida e época. Um exemplo da riqueza cultural que tinha a coexistência das culturas cristã, judaica e moçárabe, algo que ainda hoje, em pleno século XXI, é tão difícil de reencontrar.
A menos de 100 metros encontra-se também o Museu do Vinho, no qual há uma representação das mais de quarenta adegas que se encontram na zona de Alenquer, um wine bar para provas e um espaço cultural com explicações e instrumentos para descobrir tudo o que envolve a produção de vinho. Caso não tenha sido feito antes, o próprio museu pode organizar uma visita a alguma das adegas.
Para refeição, um dos locais mais simpáticos é o restaurante Casta 85, com uma agradável esplanada com vista para o rio Alenquer.
Para mais informações sobre Alenquer, pode consultar o site viveralenquer.pt, embora a nossa recomendação seja aproveitar o facto de a cidade não ser muito grande, perder-se nas suas ruas e descubrir, por si mesmo, os muitos cantinhos secretos desta pequena jóia.