Muitos o chamam ouro líquido, o maior estandarte da dieta mediterrânea. Devido ao seu alto teor de ácidos monoinsaturados, é unanimemente considerado um alimento essencial na dieta, um antioxidante natural. Mas quando chegamos à loja, sabemos distinguir alguns azeites de outros? Por que existem tantas diferenças no preço? Há boas opções na região Oeste para quem quer consumir produtos locais?
A estas questões dedicamos as seguintes linhas, deliberadamente básicas em alguns pontos, para também ajudar nossos amigos internacionais a aproximar-se a um produto que fora dos países do Mediterrâneo é ainda quase desconhecido. Se olharmos para as estatísticas de consumo por pessoa, Grécia, Espanha, Itália, Portugal e Chipre estão no topo, com níveis entre 12 e 5 litros por pessoa por ano. Mas na França não chega a dois litros e na Alemanha ou no Reino Unido não chega a um litro. Fora da Europa, o consumo está crescendo notavelmente na Austrália e nos Estados Unidos, mas ainda com valores modestos. Menção especial merece o caso da China, onde o consumo também está a crescer, embora obviamente os números por pessoa não sejam significativos, dado o tamanho da população; mas é fácil perceber a importância que o azeite está a adquirir lá se vemos que nos últimos anos os hectares plantados com oliveiras somam o equivalente à província espanhola de Jaén (a zona com maior produção de toda a península ibérica); a grande maioria das oliveiras chinesas foram plantadas no vale do rio Bailong, com uma clima semelhante ao Mediterrâneo, e um nome também dos mais adequados para abordar a nossa cultura (bailón em espanhol quer disser bailão).
Para quem chega à loja e não sabe nada sobre o azeite, a primeira coisa a ter em mente é que a maior qualidade é o azeite extra virgem, puro suco de azeitona, com excelente sabor e as melhores propriedades nutricionais. É o mais comum em saladas ou pratos que dão para apreciar mais esse excelente sabor. Talvez a melhor maneira de experimentá-lo e conhecê-lo seja simplesmente com pão e um pouco de sal, que é um pequeno almoço muito comum na Península Ibérica.
No seguinte nível de qualidade fica o azeite virgem e, finalmente, o refinado, que é usado mais para frituras ao suportar melhor as altas temperaturas e ter um preço um pouco menor.
Tal como acontece com o vinho, com os azeites e as azeitonas também existem variedades diferentes, com diferentes sabores. E também denominações de origem protegidas, que devem usar as variedades da área em questão. Existem muitos sabores diferentes de azeite e é uma questão de experimentar e descobrir o que se dá melhor com os nossos gostos. A cor não é muito relevante em relação ao sabor; normalmente é mais verde se forem utilizadas azeitonas menos maduras e mais amarelo com azeitonas mais maduras, mas em ambos os casos o sabor depende mais da variedade de azeitonas do que da cor do azeite.
Um ponto que é importante ter em conta e que difere do vinho é que o azeite se deteriora com o tempo e, principalmente, com a luz. Portanto, é conveniente adquirir e consumir o azeite o mais próximo possível de sua data de comercialização e manter a garrafa armazenada fora da luz. É por esse motivo que as melhores marcas tendem a usar garrafas de vidro escuro ou enrolam a garrafa com um plástico opaco.
A região Oeste não é caracterizada por grandes olivais, mas na região vizinha do Ribatejo sim que é um elemento muito importante e desde a época medieval há evidências de Santarém como um importante centro de produção de azeite de qualidade. Assim, entre as seis denominações de origem protegidas em Portugal, uma é precisamente “Azeites de Ribatejo DOP”.
Para aqueles que querem conhecer alguns dos azeites que são produzidos na área, podem começar com três marcas que tiveram vários prêmios internacionais e representam muito bem a excelência dos azeites da região.
A primeira recomendação é o Cabeço das Nogueiras, da jovem empresa SAOV, criada em 2004, mas que já acumula vários prêmios com a combinação bem sucedida de inovação tecnológica e sabor tradicional. A segunda seria a Casa Anadia, que é uma casa clássica com grande tradição olivácea desde o século XVII e faz um firme compromisso com a qualidade e não com a quantidade. E o terceiro é o Colheita das Lezírias, uma das opções premium de produção local da casa Gallo, que é uma das mais importantes empresas produtoras de azeite em Portugal e tem a sua sede na cidade de Abrantes, junto ao rio Tejo.
O primeiro pode ser encontrado por cerca de 9 euros a garrafa de 500 cc, exclusivamente em lojas especializadas e gourmet. O segundo também pode ser encontrado no Continente, por cerca de 7 euros a garrafa de 500 cc. E o terceiro é o mais mainstream e pode ser comprado por cerca de 5 euros a garrafa de 500 cc.
Mas, voltando às semelhanças com o vinho, há excelentes azeites extra virgens por preços muito acessíveis, de 5 a 6 euros por litro, e o ideal é que cada pessoa experimente variedades e encontre a que melhor se adapte aos seus gostos. Existe todo um mundo de sabores para descobrir.
E vocês? Já tem alguns azeites preferidos? Alguma recomendação para esta nossa comunidade?